terça-feira, 26 de maio de 2009

Oposição reage a possível controle da CPI da Petrobras pelo governo



BRASÍLIA - A oposição reagiu nesta terça-feira à informação de que teria sido preterida na composição dos cargos de direção - relatoria e presidência - da CPI da Petrobras. Após reunião do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na segunda-feira, ficou praticamente descartada a proposta dos aliados de dar a presidência da comissão ao senador Antônio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA). Ou seja, caberá à maioria - no caso, a base governista - escolher o presidente e o relator da CPI. Nesta terça-feira, termina o prazo para a indicação dos nomes que vão compor a comissão.
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), não esconde sua insatisfação, mas evita comentar o assunto antes de uma conversa com Renan, o que deve acontecer ainda nesta terça-feira.
- Se eles tinham uma posição tomada terão que dizer. O PTB e o PMDB tinham a intenção anunciada (de ceder a presidência ao DEM) e terão que dizer e não vai ser pela imprensa - disse Agripino à Agência Brasil.
Já no PSDB a reação foi mais incisiva. O presidente do partido, Sérgio Guerra (PE), avalia que controlar os cargos da CPI é uma "decisão radical do governo de não investigar nada". Sérgio Guerra disse ainda que não participou de qualquer conversa com os peemedebistas e petebistas para negociar a partilha da direção.
Os tucanos reivindicavam que o autor do requerimento de criação da CPI, senador Álvaro Dias (PR), fosse indicado para presidir a comissão.
- Não falei com o Renan e não vou conversar - afirmou Guerra, ao ser questionado se, assim como Agripino, procuraria o líder do PMDB para tratar do assunto.
- Esse é um problema do governo - completou.
Para o presidente do PSDB, mesmo com minoria de três senadores contra oito governistas, "os próprios fatos" objeto da comissão obrigarão uma investigação sobre as supostas irregularidades na Petrobras.
- Os fatos vão mostrar que nossa previsão está certa. Primeiro, que há muito o que se investigar (na Petrobras) e, segundo, que o governo federal está com receio da investigação e isso não tem nada a ver com as ações da Petrobras - disse o senador tucano.
A CPI pretende investigar possíveis irregularidades da estatal nas licitações da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, na distribuição de royalties e na contabilidade tributária, para deixar de pagar R$ 4,3 bilhões em impostos. A oposição também quer investigar os patrocínios da estatal e os repasses de verbas da Petrobras a Ongs.
No domingo, reportagem do GLOBO mostrou que a estatal repassou R$ 609 milhões, sem licitação, para financiar 1.100 contratos com ONGs, patrocínios, festas e congressos nos últimos 12 meses. Entre os beneficiados, há desde entidades cujo endereço não existe até outras que pararam de funcionar ou são ligadas a aliados do governo.

Fonte - O Globo

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